
Parte 1 de não sei quantas. Infelizmente.
Todo ser humano do sexo masculino natural do país das Bananas (também conhecido como Brasil) quando se encontra próximo de completar seu 18º aniversário tem que dar as caras em alguma Junta Militar pra ver se seus próximos anos serão compartilhados com outros seres humanos machos em um lugar chamado quartel -- ou não. Comigo não é diferente: hoje foi o dia em que me alistei.
Feita a distante trajetória de meu cafofo até a mal-sinalizada (não há indicações decentes do lado de fora) Junta Militar, adentrei me na pequena sala que seria uma recepção. Lá havia um ser de nome desconhecido, com cara, jeito, indumentária e cheiro de habitante de zonas periféricas da cidade. Favelado típico. Por sorte ele foi embora logo e não mais tive que agüentar o fedor do pobre em questão. Era a minha vez de ser atendido.
Foram-me feitas perguntas, principalmente sobre minhas ocupações: se eu estudava e/ou trabalhava. Sou vagabundo mas honesto: não menti e dei um não de resposta às duas perguntas. A última foi sobre a minha vontade em servir: não, é óbvio. Entrar naquela bodega é acabar com meus planos pros próximos anos.
Agora preciso dar as caras lá novamente às 8 horas da manhã do dia 18 de Junho deste ano para marcar o dia do exame de seleção. Lá é que o bicho pega.
Tendo meu Certificado de Alistamento Militar em mãos, saí dali e me dirigi para o ponto mais conveniente de um coletivo.
No caminho de volta, uma pérola digna do Prêmio Marcos Vinícius de Ortografia.

